8 de junho de 2011

A fonte!

Oi.

A gente passa por uma fase, nas nossas vidas, em que a gente sente que pode tudo. A gente sente que pode e por isso a gente quer mudar tudo o que tá errado no mundo. Nessa fase da vida, a gente vê as pessoas fazendo uma espécie de seleção na hora de ajudar o próximo, como se escolhesse quem merece mais ou menos ser ajudado, e a gente se revolta com isso. Isso porque pra gente todo mundo merece ajuda do mesmo jeito, na mesma intensidade.

Eu sempre fui meio assim. Queria ser a primeira, alias, me sentia quase que obrigada a ser a primeira a chegar na fonte pra poder dividir a água com todo mundo que tivesse precisando.

Mas os dias vão passando e você cai e levanta algumas vezes até conseguir chegar lá, na fonte. Você chega e quando tá lá, você se assusta porque tem muito mais gente pra beber do que água disponível na fonte. Você se dá conta que o que você tem agora nas mãos, não vai ser suficiente nem pra que as pessoas não morram desidratadas, muito menos pra matar a sede delas.

Aí você começa a fazer escolha. Pois é. Começa a passar na sua cabeça um milhão de coisas e você começa a sentir o peso real de uma vida nas suas mãos. Aí você chega na conclusão que é melhor salvar 10 e abrir mão de 90, do que perder 100. E quando você menos espera lá está você, escolhendo. Você se olha e vê um daqueles que você tanto detestava. É, meu querido, agora você também seleciona, também escolhe. E quem é você pra saber quem merece mais ou menos?

A conclusão automatica que eu tiraria disso tudo (em dias comuns) é que com o passar do tempo, o andar da carruagem e com as responsabilidades que você vai adquirindo com a vida, vem também aquele tapa na cara que te mostra que você sozinho, não é o bastante pra mundar o mundo. E aquela ideia rebelde, revolucionária, heróica, de que você pode tudo, escapa das suas mãos e você nem vê como.

É... você tá começando a perceber que o ser humano não é uma ilha. Tá começando a passar na sua cabeça, que ao invés de lutar sozinho, é bem mais garantido convencer as pessoas a lutarem junto com você. E isso não é ruim, te faz valorizar o próximo porque você precisa dele. Você começa a confiar nele, por precisar dele. E por confiar nele você se convence que se você consegue chegar na fonte, ele também vai conseguir.

E o que me fez pensar nisso tudo é que eu já me senti a pior das crituras que habitam esse planeta e hoje eu sou a pessoa mais feliz que eu conheço. E eu sei, hoje, que se eu não posso fazer por você, eu posso te mostrar que você consegue fazer por você mesmo, e me colocar a disposição pra repetir que você consegue, se quiser, quantas vezes for preciso repetir.

E sabe? Esse tipo de atitude ainda causa uma certa desconfiança nas pessoas. Tipo: "Bah, muito estrnho! Duvido que exista alguém que queira o bem de pessoas que nem conhece".
E eu acho que é exatamente o ponto. Eu acho estranho não ser assim.
Estranho, pra mim, é não gostar de alguém que eu nem conheço, é julgar, criticar, condenar, dar as costas a alguem que eu nem sei que é.
Pois é, estamos falando de preconceito.

Bom, hoje eu não tenho mais aquela ideia de querer mudar o mundo chegando na fonte e fazendo greve de "sede". Se eu fizer isso, vou morrer e não vai adiantar nada.
Hoje eu sei que se eu disser pra você que você consegue, e conseguir te fazer acreditar nisso, você vai dizer pro outro, que vai dizer pro outro, que vai dizer pro outro, e todo mundo, JUNTO, vai poder chegar lá.

É isso aí!

Um comentário:

  1. Oi Flor,

    De fato vemos muito isso, essa ajuda que não é completa, essa caridade que não é 100% de amor, de carinho fraterno. Mas infelizmente isso existe, porém, para quem precisa, qualquer ajuda é válida e isso nós conseguimos compreender.

    Daí sobre isso, tu me vez analisar outro fato. Como de verdade, vamos saber o que tal pessoa pensa ou senti quando faz este gesto? (Pq isso é mto interno, pessoal)

    É meio que utopia acreditar em um mundo melhor, mas penso que se não acreditarmos que um dia, aos poucos as coisas vão melhorar é pq perdemos a esperança nisso.


    Bjokas ;)

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