1 de outubro de 2009

Quando é pra fechar os olhos eu me entrego de primeira: Não consigo fechar.
E eu disfarço mais ou menos, ponho a mão no bolso, viro pra trás, dou uma piscada mais profunda, mas nem dá...
Eu fico até sem jeito, mas é dito e feito, não consigo fechar. Tento pôr a mão na cara, engolir a minha fala e soprar a nuvenzinha de pensamento que pula em cima de mim.
Mas é sempre a mesma coisa. A mesa cara rosada depois que a minha lingua traduz pra ela o que tem dentro de mim.
Não sei não dizer que ela é cheirosa e que ocupa um espaço aqui dentro que eu nunca imaginei.
Nem que ela tem uma pele gostosa e que fala coisas que eu as vezes nem entendo mas que me faz bem.
Ela me irrita de um jeito só dela, mas aquela cara lavada de neném inocente compensa bem mais depois.
E o pior é que ela sabe o dom que tem e a facilidade de me fazer esquecer o que foi.
Faz tempo, faz parte. Faz vento e ela se "aprochega" bem perto e se encaixa no meu ombro.
Aquele abraço gostoso de quem faz tempo que não se vê. Até parece que a gente não tá junto o dia inteiro, o tempo todo.
Eu tô sem sono mas durmo junto com ela pra não largar,
Eu to sem saco, mas vejo o futebol com ela pra agradar,
Eu to sem tempo, mas dou uma ligada pra ela pra não xiar,
Eu to que to e do jeito que eu vou eu to feliz.
E bateu a fome, vou pra cozinha ver se tem alguma coisa pra fazer.
Nem sei fazer mas finjo que sei, digo que sei o que eu não sei, e a vontade dela me faz aprender
E eu aprendo e acho que sei mas eu não sei, se sei é por ela, pela vontade dela e o pensamento dela que paira sobre mim.
E ela acompanha cada movimento meu. E eu me movo como se soubesse o que eu to fazendo. Aquele ar de bom cozinheiro, aquele cheiro de que tá tudo bem.
E no final as vezes tá, as vezes não, mas quem se importa? A gente inventa e tenta, e tenta inventar. E consegue. Então não faz mal.
A verdade é que eu não durmo sem ela, nem acordo também
Não como sem ela e não vou pra casa também....
Mas quem disse que ela precisa saber?
Dou de quem manda, quem é o dono da situação. Faço tipo e pra me gabar até me finjo de doutor. De tanto me dizer até que eu sou. Ela diz que sim eu digo que não. Diz que eu sou mole e eu me faço de durão mas é bem na hora de fechar os olhos que eu me entrego de primeira... e ela sabe que me tem bem em cima das suas mãos.

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