9 de dezembro de 2014

Abri a janela e a luz da lua entrou.

A sala iluminada, nem parecia madrugada, mas o silêncio me lembrava que já passava da hora de dormir. Os livros não terminados em cima da mesa servindo de suporte pras garrafas de cerveja e de abrigo pras lembranças que eu esqueci.

E o vento sussurrava ideias que eu sabia já ter tido antes. 

Mais uma garrafa esvaziou. 

Não adianta ainda ter forças pra buscar outra. Era a última. Eu não sabia e ninguém me avisou.

Então tentei fazer mais alguns desenhos com os restos mortais do café que esfriou há algumas horas. Eu sabia que tinha esquecido de tomar. 

Tudo em vão. Outra música tocada até a metade, na procura fracassada por qualquer uma que me faça querer parar pra ouvir.

Eu não escuto mais.

Cada acorde esmaga os meus pensamentos que já não cabem mais dentro de mim. Minha cabeça lateja, parece querer explodir.

Meus olhos se fecham, meus ombros se curvam, minha voz já nem existe mais. Quero abrir o meu último presente, mas meu futuro parece me parar. 

"É o medo", alguém diz. Eu concordo.

E então eu deito com o sentimento estranho de que perdi.


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