Ele sai correndo do trabalho e olha aquela floricultura ainda aberta. Decide, sem motivo algum, fazer uma surpresa.
Olha as rosas, mas pensa no cliche.
Procurando outro tipo de flor ele ainda se pergunta: "O que tem de errado em ser cliche?"
Mas mesmo assim acha melhor nao arriscar. Sabe como é, ele nao quer que nada de errado.
- Me ve o maior e mais bonito arranjo de Tulipas.
E sai correndo mais uma vez levar as Tulipas pra ela.
Todo sinal fechado, toda reta com folga na estrada, toda curva mal feita é motivo pra ele dar uma olhadinha pras Tulipas.
Ja na porta de casa, abrindo o portão da garagem, ele resolve olhar mais uma vez e pensa:
- Ah, hoje vai ser tudo perfei... putaqueopariu o cartão!! Eu nao fiz o cartão!
Ele desliga o carro e apaga as luzes pra nao chamar atenção! Ele sabe que nao é bom na escrita, ainda mais assim, no improviso. Precisava de tempo.
Passa muito tempo, e beirando a loucura ele encontra o problema:
- O radio, eu tenho que desligar o radio pra conseguir pensar.
Com a mao no botao ja pronto pra desligar, começa aquela musica.
- Mas é claro, a nossa musica!! Como eu nao pensei nisso antes?
Ele logo presta atenção pra poder escrever o refrão.
O refrão começa e... "Droga, a tampa da caneta"
E la se vai o refrão!
Esperando o repeteco da segunda estrofe pra chegar o refrão novamente e ai sim poder escrever, ele se pergunta se ainda achava que aquela era uma musica que ele pudesse dizer ser "nossa".
- Nossa? nao minha! Essa repetição de estrofe sem refrão é incompreensível. Que saudade da outra versão.
Mal sabia ele que existia so aquela versão. E ele enfim conseguiu escrever o refrão.
Entrou na garagem e pegou o elevador. Tocou a campainha e colocou o dedo no olho magico.
Ela abriu a porta, ele escondeu o arranjo nas costas, deu um beijo nela e foi a levando com a boca grudada ate a primeira parede que os parasse. Entregou pra ela o arranjo e o cartão!
Ela leu, com um sorriso morno nos lábios e olhou nos olhos dele com uma das maos no coração.
- E ai querida, o que você achou da surpresa?
Ela, ja com os olhos vermelhos, lacrimejando, leva a mao do coração ao nariz e com os olhinhos apertados diz:
- Atchim!
Oras, quem podia imaginar que ela era alérgica a tulipas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário