Eu saí de casa a primeira vez com 6 anos de idade. Não lembro ao certo qual foi o motivo, mas abri a minha gaveta e peguei todas as minhas roupinhas de baixo, de algodão e as coloquei dentro de uma toalha de banho. Saí com a cabeça já decidida a fugir. Fui o mais longe que as minhas perninhas, que hoje comparo com as canelas, puderam agüentar. Sentei na calçada da vizinha e chorei por alguns minutos, até cansar dessa brincadeira de sair de casa e voltar lá pra dentro do meu quarto quentinho e aconchegante.
Estava nas vésperas de fazer meus 8 anos quando meu pai, que sempre viajava, decidiu colocar o pé na estrada pra chegar no meu grande dia. Não lembro direito se foi exatamente assim que aconteceu, mas muito me recordo da minha madrinha me levando até em casa pra trocar de roupa. Minha mãe não pôde me levar. Não sei qual dos dois motivos a impediram, mas ou era minha irmã, ou meu pai. A única certeza que eu tenho é que não tinha nada a ver comigo.
Troquei de roupa e fui até o clube. Era meu aniversário. Meu, da minha avó, da filha dela, minha tia e da minha prima. Todas no mesmo dia. Também não lembro muito desse dia. Sei que me pediram pra entregar o primeiro pedaço pra pessoa que eu mais gostava. A pior coisa que o fizeram. Minha vontade era de dividir aquele pedacinho em 3, e dar um pra minha mãe, um pro meu pai, e um pra minha irmã. Alias, cadê ela? Ela não foi no meu aniversario e eu não sabia o por quê. Mas ela não foi.
Muito tempo depois até eu descobrir o motivo. Nem ela, nem meu pai. Minha mãe tinha acabo de queimar o braço. Queimadura de 3º grau. Eu conseguia imaginar a dor. Nunca soube muito o que fazer em situações extremas. Mas corri, pedi ajuda. Tentei fazer ela sofrer o menos possível. Queria ter impedido aquilo. Ela voltou do hospital. Foi minha irmã, doente. Câncer. Nem gosto de lembrar. Na época eu não sabia. Sabia que era uma doença, sabia que era difícil de tratar, não sabia que já tinha levado tanta gente daqui.
Ela não foi. Graças a Deus. Minha irmã luta. Ela vence, sempre venceu. Sempre vai vencer no que depender de mim. Alem dela tem a minha mãe. Essa, não sei nem se pode dizer que é lutadora. É mais que isso. É muito mais que isso.
Meu pai, nesse meio tempo, bateu de carro. Meu presente de aniversario. Até hoje não sei se foi uma saída de tudo de ruim que tava acontecendo com um pedaço dele. Com uma filha. Mas eu quase perdi os três.
Primeiro a minha irmã, com câncer, só com 11 anos. Depois, se não ao mesmo tempo, minha mãe com a queimadura de 3º grau e dependendo do ponto de vista, desistindo da vida dela sem desistir da minha irmã. Se manteve viva por ela. Só por ela. Cuidou de nós. De nós três. Mas esqueceu dela mesma.
Enfim, depois de 10 anos a paz reinou lá em casa. E eu com 18, ainda sofria as conseqüências de não ter sabido de nada. De ter ficado de fora. Sem culpar ninguém, foi pro meu bem e eu entendo isso. Mas era pedir de mais que uma criança entendesse. Não foi minha culpa. Não foi culpa de ninguém.
Meu anjo, meu pai, sempre tentou suprir as necessidades de carinho, afeto, atenção. Ele sempre conseguiu. Sempre me guiou, sempre foi meu exemplo. Sempre vai ser. E eu tenho certeza disso. Meu espelho.
Sai de casa. Gostei disso. Hoje ainda sinto que não podia ser de outro jeito. Agradeço a Deus por não ser. É meu sonho que eu vim realizar. Mas as vezes ainda sinto vontade de não brincar mais de sair de casa.
Estava nas vésperas de fazer meus 8 anos quando meu pai, que sempre viajava, decidiu colocar o pé na estrada pra chegar no meu grande dia. Não lembro direito se foi exatamente assim que aconteceu, mas muito me recordo da minha madrinha me levando até em casa pra trocar de roupa. Minha mãe não pôde me levar. Não sei qual dos dois motivos a impediram, mas ou era minha irmã, ou meu pai. A única certeza que eu tenho é que não tinha nada a ver comigo.
Troquei de roupa e fui até o clube. Era meu aniversário. Meu, da minha avó, da filha dela, minha tia e da minha prima. Todas no mesmo dia. Também não lembro muito desse dia. Sei que me pediram pra entregar o primeiro pedaço pra pessoa que eu mais gostava. A pior coisa que o fizeram. Minha vontade era de dividir aquele pedacinho em 3, e dar um pra minha mãe, um pro meu pai, e um pra minha irmã. Alias, cadê ela? Ela não foi no meu aniversario e eu não sabia o por quê. Mas ela não foi.
Muito tempo depois até eu descobrir o motivo. Nem ela, nem meu pai. Minha mãe tinha acabo de queimar o braço. Queimadura de 3º grau. Eu conseguia imaginar a dor. Nunca soube muito o que fazer em situações extremas. Mas corri, pedi ajuda. Tentei fazer ela sofrer o menos possível. Queria ter impedido aquilo. Ela voltou do hospital. Foi minha irmã, doente. Câncer. Nem gosto de lembrar. Na época eu não sabia. Sabia que era uma doença, sabia que era difícil de tratar, não sabia que já tinha levado tanta gente daqui.
Ela não foi. Graças a Deus. Minha irmã luta. Ela vence, sempre venceu. Sempre vai vencer no que depender de mim. Alem dela tem a minha mãe. Essa, não sei nem se pode dizer que é lutadora. É mais que isso. É muito mais que isso.
Meu pai, nesse meio tempo, bateu de carro. Meu presente de aniversario. Até hoje não sei se foi uma saída de tudo de ruim que tava acontecendo com um pedaço dele. Com uma filha. Mas eu quase perdi os três.
Primeiro a minha irmã, com câncer, só com 11 anos. Depois, se não ao mesmo tempo, minha mãe com a queimadura de 3º grau e dependendo do ponto de vista, desistindo da vida dela sem desistir da minha irmã. Se manteve viva por ela. Só por ela. Cuidou de nós. De nós três. Mas esqueceu dela mesma.
Enfim, depois de 10 anos a paz reinou lá em casa. E eu com 18, ainda sofria as conseqüências de não ter sabido de nada. De ter ficado de fora. Sem culpar ninguém, foi pro meu bem e eu entendo isso. Mas era pedir de mais que uma criança entendesse. Não foi minha culpa. Não foi culpa de ninguém.
Meu anjo, meu pai, sempre tentou suprir as necessidades de carinho, afeto, atenção. Ele sempre conseguiu. Sempre me guiou, sempre foi meu exemplo. Sempre vai ser. E eu tenho certeza disso. Meu espelho.
Sai de casa. Gostei disso. Hoje ainda sinto que não podia ser de outro jeito. Agradeço a Deus por não ser. É meu sonho que eu vim realizar. Mas as vezes ainda sinto vontade de não brincar mais de sair de casa.
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